quinta-feira, 5 de setembro de 2013

CRIOLO


 
Por Laila Araujo Coelho

Kleber Cavalcante Gomes vulgo Criolo, é um cantor de rapper paulistano, que ganhou destaque no cenário musical quando lançou o disco Nó na Orelha em 2011. Até então era conhecido apenas como o criador das Rinhas dos MC´s, também conhecida como Batalha dos MC´s, são dois rappers que se atacam através de palavras, que vão rimando entre si, no final o público escolhe o vencedor.

Foi com a faixa Não existe Amor em SP, que o cantor recebeu elogios da crítica especializada, tendo participado do Video Music Brasil (2011), teve cinco indicações, venceu nas categorias: Álbum do ano, com o disco Nó na Orelha, Música do ano com a já citada Não Existe Amor em SP e Artista Revelação. Criolo adicionou influências mpbistas, com colagens do funk e do soul, bem diferente do seu primeiro trabalho Ainda Há Tempo (2006),em que o rap de raiz esteve presente em todas as faixas.

Uma mudança já se notava na música título do cd, que tem uma levada diferente das outras faixas, uma baladinha rimada, cheia de indiretas :

“Se esbarram na rua e se maltratam/Usam a desculpa de/que nem Cristo agradou/ Falô! Cê vai querer mesmo se comparar com o Senhor?”.

Sem esquecer o valor do rap nas comunidades e, que a música pode ser uma saída para os jovens carentes, que não têm como se expressar e que acabam de uma forma ou outra se envolvendo na criminalidade:

“Cidadão comum com vontade de vencer/Rap, que energia é essa?/ Um dom, um karma,/uma dívida , uma prece?/Infelizmente tem alguns que desmerecem/É tanta coisa na cabeça. Sai fora, me esquece/Sem saúde, sem paz, o nosso povo padece/No Grajaú, só, no frio de dá dó/Esperando a lotação pra ir pro evento de rap/Lembrei de alguém que não tá mais entre a gente/ A dona morte/vem, carrega os mano na mó pressa”.

O Rap brasileiro quando oriundo dos bairros carentes, nada mais é que a voz dos que vivem à margem da sociedade, por isso as letras sempre enfatizam a violência, miséria e o tráfico de drogas.
Criolo conseguiu refinar a brutalidade existente neste gênero musical em algo sofisticado, a sua poesia e rima se torna biscoito fino comparado com o grupo Racionais MC´s, principal influência do rapper.
Tornou-se, por que não dizer, o rap da classe média. Nas mãos de outro artista, com o perdão do trocadilho, viraria um samba do criolo doido. Não é para qualquer um, unir brega, hip-hop, afrobeat e samba em um disco só. Não é atoa que o nome do álbum é Nó na Orelha, é um bálsamo para ouvidos mais atentos.
Filho de cearenses, residente no bairro do Grajaú (você achava que Grajauex vinha de onde, homenagem ao bairro em que cresceu) zona sul de São Paulo. Abandonou a faculdade de artes e pedagogia, por um tempo foi vendedor das Lojas Americanas. Aos 12 anos já tinha iniciado sua carreira de MC, lançou um disco de rap que tinha uma canção. Antes do aclamado Nó na Orelha, pensou em desistir da carreira musical, segundo ele as portas só se fechavam.

UM AMOR CHAMADO SÃO PAULO 

Nó na Orelha foi produzido por Daniel Ganjaman e Marcelo Cabral, disponível para download na internet de forma gratuita e também no velho e bom vinil, o álbum foi eleito pela revista de música Rolling Stone (brasileira) como o melhor disco nacional de 2011. Todas as músicas deste disco são de sua autoria.
A música Não Existe Amor em SP, é a descrição da cidade sob a ótica do morador da Paulicéia desvairada, uma declaração de amor para a cidade que não dorme nunca, apesar do título dizer o contrário, e insinuar que todos estão em pecado e, que ninguém vai para o céu. Nada mais que uma visão pessimista da maior cidade da América Latina.


Bogotá a primeira a integrar o disco, é uma levada no estilo soul funk, com Grajauex, tudo rima com “ex” no final. Mariô é uma alfinetada para aqueles que acham a vida um conto de fadas e, se julgam superiores aos demais :

Durante muitos anos assinou Criolo Doido, a partir do segundo álbum adotou somente Criolo. Nos shows se apresenta vestindo uma túnica (peça do vestuário árabe, uma espécie de vestido longo, usado por homens e mulheres),ele dança, rodopia e declama suas músicas. Um bardo inquietante, ainda não descoberto pela grande mídia.






NÓ NA ORELHA 10 faixas
 01./ Bogotá (4:40)

02./ Subirusdoistiozin (3:34)

03./ Não Existe Amor em Sp (4:41)

04./ Mariô (3:37)

05./ Freguês da Meia Noite (4:10)

06./ Grajauex (2:36)

07./ Samba Sambei (3:43)

08./ Sucrilhos (4:00)

09./ Lion Man (3:26)

10./ Linha de Frente (4:30)

 

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