terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O SONHO ACABOU

John Lennon

Por Eduardo Fontenele

Dia 8 de dezembro completou 34 anos da morte do ex-Beatle e ativista político inglês John Lennon. O músico tinha 40 anos na época e estava separado dos parceiros de banda há uma década. Após o rompimento com o grupo, devido ao envolvimento amoroso com a artista plástica de vanguarda japonesa Yoko Ono (81), Lennon foi viver em Nova Iorque e engajou-se em causas humanitárias e sociais. Tornou-se um dos principais críticos do governo de Richard Nixon (1913-1994) e da Guerra do Vietnã (1955-1975). Lennon era investigado pelo FBI.

Quando Lennon conheceu Yoko, em 1966, estava casado com sua primeira esposa, Cynthia Powell (75), ela pediu o divórcio alegando infidelidade de Lennon. John e Yoko casaram-se em 1969, em Gibraltar, e durante a lua de mel, promoveram o protesto chamado de Bed-in, que não foi bem compreendido pela imprensa e ridicularizado pelos jornalistas. O protesto pacífico consistia em o casal permanecer deitado em sua cama durante uma semana e autorizar a entrada da imprensa em seu quarto de hotel em Amsterdam para falar sobre o fim da Guerra do Vietnã. Estavam se utilizando da forte repercussão que o ato teria sobre a mídia mundial.

Foram acusados de estarem buscando publicidade para suas carreiras. John respondeu que poderia compor uma música em uma hora e fazer mais dinheiro do que ficando sete dias deitado em uma cama. O casal repetiu o ato em um hotel em Montreal.

Lennon tornou-se ativista da extrema esquerda. Apoiou o Partido dos Panteras Negras. Especula-se que tenha feito doações em dinheiro para financiar ações do IRA, apesar da fama de ser um ativista ligado ao pacifismo, portanto, contrário a atos violentos, como os do IRA. Na canção Sunday Bloody Sunday, Lennon se revelou simpático à causa do Exército Republicano Irlandês.


John Lennon e Yoko Ono protestam pela paz
Entre todas essas atividades, Lennon ainda tornou-se um bem sucedido compositor e músico solo. Trocou farpas com Paul McCartney (72) em suas composições. Apareceu nu, junto com Yoko, na capa do álbum experimental Two Virgins, de 1968. Ele e Yoko fizeram uma parceria de sucesso na música. O músico compôs clássicos como Give Peace a Chance, Imagine (em parceria com Yoko), Beautiful Boy, Mother, Woman; regravou com sucesso Stand By Me, de Jerry Leiber, Mike Stoller e Ben E. King.

Beautiful Boy foi composta para homenagear Sean, seu filho predileto. A música pertence ao álbum Double Fantasy, de 1980, último disco do ex-Beatle. Afirma-se que Lennon foi um péssimo pai para Julian (51), seu primogênito, fruto de sua relação com Cynthia. Mas deu uma pausa de cinco anos na carreira para acompanhar o crescimento de seu segundo filho, Sean (39), este com Yoko.

Lennon e as drogas

George Harrison (1943-2001), antigo companheiro de banda de John, acusou Yoko de ter introduzido John no vício da heroína para afastá-lo dos antigos parceiros. John e Yoko chegaram a passar um mês inteiro sob o efeito da droga. Lennon deu crédito de seu vício às pressões diárias do sucesso e ao fato de outras pessoas não aceitarem seu relacionamento com Yoko. Ele e Yoko chegaram a ser presos por porte de drogas
O astro precisou se afastar de Nova Iorque, e fazer uma longa viagem, acompanhado apenas por um amigo, para se livrar do vício e de seus fornecedores de drogas. Lennon ainda declarou-se publicamente a favor do uso da maconha. Lennon tornou-se dependente de álcool durante o período de 18 meses em que esteve separado de Yoko.


O assassino Mark Chapman
O dia fatídico

Lennon foi assassinado a tiros pelo fã Mark Chapman. Chapman disparou cinco tiros de seu revólver calibre 38, dos quais quatro atingiram Lennon. O músico e sua esposa voltavam para seu apartamento no edifício Dakota, em frente ao Central Park, em Nova Iorque, quando foram surpreendidos pelo assassino. Chapman havia abordado o músico mais cedo para lhe pedir que autografasse seu exemplar do LP Double Fantasy. 

Chapman, hoje com 59 anos, alegou que cometeu o crime porque queria ficar famoso e devido à blasfêmia de Lennon, quando disse a polêmica frase que os Beatles eram mais famosos que Jesus. Em 1966, no auge da Beatlemania, John declarou: “O cristianismo vai desaparece e encolher. Eu não preciso discutir isso, eu estou certo e eu vou provar. Nós somos mais populares que Jesus agora. Eu não sei qual será o primeiro – o rock ‘n’ roll ou o cristianismo. Jesus estava certo, mas seus discípulos eram grossos e ordinários.”

Chapman, que sofre de alucinações auditivas, se inspirou no personagem Holden Caulfield, do romance O Apanhador no Campo de Centeio (1951), do escritor americano J. D. Salinger (1919-2010). Chapman segurava o livro durante o crime e não tentou fugir ou resistir quando os policiais chegaram. Foi condenado à prisão perpétua.


Lennon e o seu algoz.
Teoria da conspiração

Existe uma teoria conspiratória sobre um complô envolvendo a CIA, o FBI e o MI5 na morte do músico. As teorias falam que Chapman teria sido recrutado por um programa de controle da mente executado pelo serviço secreto e pelo governo Republicano que se instalara na América do Norte no início da década de 80. Os conspiradores precisavam de um bode expiatório, de um “testa de ferro”, um “laranja”.

Estes órgãos supostamente viam Lennon como uma ameaça. Tinham medo que o ídolo influenciasse a juventude americana com seu radicalismo de esquerda. Por isso manipularam um cidadão comum (Chapman) para que executasse o assassinato, como já haviam feito com líderes como Martin Luther King e Kennedy. Nada ficou comprovado até hoje.

O assassino no cinema

Mark Chapman ganhou, em 2007, uma cinebiografia intitulada Capítulo 27, dirigida por J. P. Schaefer e protagonizada pelo ator e cantor Jared Leto, que teve de engordar quase 30 quilos para viver o assassino. O título da obra refere-se ao livro O Apanhador no Campo de Centeio, cujo capítulo final é o 26. O capítulo 27 não consta no romance. Chapman costumava declarar, na época, que seu nome era Holden Caulfield, o protagonista do romance.

Outra interpretação para o título do filme seria a obsessão que Lennon tinha pelo número 9 e seus múltiplos. O cantor era obcecado por numerologia. Ele nasceu em 9 de outubro. Seu filho Sean também. Yoko nasceu em 18 de fevereiro. Paul MacCartney (seu parceiro musical) nasceu em 18 de junho. Lennon escreveu as músicas Revolution 9, Number 9 Dream e One After 909. O cantor morreu às 23 horas, de 8 de dezembro de 1980, mas na Inglaterra, seu país de origem, devido ao fuso horário, já era 9 de dezembro.

Homenagens

Lennon recebeu uma Estrela na Calçada da Fama de Hollywood, em 1988. Foi criado um memorial chamado Strawberry Fields Forever no Central Park, em frente ao edifício Dakota. Também foi considerado por uma pesquisa da BBC o oitavo entre os 100 britânicos mais importantes de todos os tempos. Em 2008, foi eleito pela revista Rolling Stone o 5º melhor cantor de todos os tempos e o 55º melhor guitarrista de todos os tempos por essa mesma publicação.

God

O título deste texto é uma citação retirada da canção God, composição de Lennon, onde ele se revela descrente em ídolos e em qualquer tipo de salvação, seja ela por meio de um messias, de um herói criado pela mídia ou pela cultura de massa. Ele também comenta sobre o fim dos Beatles. O astro afirma ainda não acreditar em nenhuma religião ou ideologia, nem mesmo num futuro. A canção retrata um Lennon desiludido e amargurado que só acredita no amor que sente por Yoko.

Veja a tradução da letra de God aqui:

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